A revolução dos bichos
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Narrado por:
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Paulo Vinicius Justo Fernandes
Sobre este áudio
Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, A revolução dos bichos é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.
Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.
Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.
Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.
©2019 Editora Schwarcz S.A. (P)2019 Editora Schwarcz S.A.O que os ouvintes dizem sobre A revolução dos bichos
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Geral
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Execução
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História
- Júlio Augusto
- 05/08/2024
"Trabalharei mais ainda", disse Sansão, já exausto.
Acabei de terminar "A Revolução dos Bichos" de George Orwell e gostei bastante do livro. Achei a narrativa mais envolvente do que "1984", apesar de "1984" conter conceitos que adorei, como a novilíngua, o duplipensar e o pensamento-crime. "A Revolução dos Bichos" é um ensaio fascinante sobre a visão de Orwell e sua crítica à União Soviética.
No começo, fiquei me perguntando se ele estava fazendo uma analogia à Revolução Francesa também, pelo nome dos personagens, mas logo ficou claro que a obra é uma crítica direta ao socialismo soviético. Nesse ponto, é importante ressaltar que essa é a ótica pessoal de Orwell, que, após muitas desilusões, perdeu a esperança em muitas ideologias políticas. Em seu prefácio, ele menciona que não havia visitado a União Soviética e baseava seu pensamento apenas em notas de jornais, notícias e conversas com amigos de luta. Portanto, era uma opinião formada a partir de outras opiniões, o que pode ser enviesado.
Enquanto narrativa, adorei. Orwell utiliza uma fábula com animais para ilustrar a corrupção do poder e a traição dos ideais revolucionários. A história é cativante e os personagens são bem construídos, o que torna a leitura fluida e interessante. No entanto, enquanto livro político, é evidente que Orwell estava mais inclinado a apresentar suas ideias de mundo do que a fazer uma análise política baseada em fatos e dados concretos.
Este livro (assim como "1984") não deve ser usado como uma denúncia ou um estudo etnográfico sobre o poder de Lenin. São obras de ficção que utilizam a narrativa para criticar e refletir sobre a política e a sociedade.
Adendo importante: Sansão, o cavalo trabalhador, continua sendo o melhor personagem. Sua lealdade e dedicação são comoventes, e sua frase mais icônica, "Trabalharei mais ainda", me deixou com o coração partido metade da obra. Podemos fazer uma análise gritante do capitalismo e da ideologia da superação em vista de um ideal pessoal, não? Sua crença inabalável na revolução, apesar das adversidades e da exploração que enfrenta, é profundamente tocante. Que personagem!
Em resumo, "A Revolução dos Bichos" é uma leitura muito boa e uma fábula política poderosa. Gostei muito do livro e recomendo para quem se interessa por narrativas que combinam crítica social e política com uma história bem contada.
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