• EP#40: Automação das decisões judiciais

  • Oct 30 2024
  • Duração: 1 hora
  • Podcast

EP#40: Automação das decisões judiciais

  • Sumário

  • A automação no Judiciário brasileiro, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), tem sido debatida como uma solução inovadora para melhorar a eficiência, celeridade e acessibilidade da justiça. Em eventos como o CONIP Jud 2024, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apresentou iniciativas focadas em transformar digitalmente o Poder Judiciário por meio do Programa Justiça 4.0, que visa modernizar os tribunais com o uso de IA e plataformas digitais integradas.

    Esses esforços são vistos como parte de um movimento global mais amplo, no qual a digitalização de sistemas judiciais é adotada para resolver problemas como morosidade e excesso de processos, ao mesmo tempo em que busca garantir consistência e reduzir custos. No entanto, apesar dos avanços, há debates sobre os limites e riscos do uso dessas tecnologias no contexto da administração da justiça.

    O CNJ tem se empenhado para implementar laboratórios e centros de inovação voltados para a aplicação de IA. Exemplos incluem sistemas como o Sinapses e Victor, que já auxiliam em decisões judiciais em várias jurisdições do país. Essas ferramentas têm o potencial de apoiar o trabalho dos juízes, melhorando a velocidade e a qualidade dos processos judiciais, mas não sem levantar questões éticas e operacionais.

    A pesquisa apresentada durante o CONIP mostrou que, embora a IA seja promissora, seu uso no Judiciário ainda é esporádico, com 70% dos magistrados e servidores utilizando-a raramente. No entanto, há um reconhecimento crescente de seu potencial, especialmente para tarefas como busca de jurisprudência e análise de dados. Entretanto, os riscos da automação das decisões judiciais são significativos. A substituição completa do juiz humano por um “juiz robô” é vista com ceticismo, devido às complexidades envolvidas no ato de julgar, que incluem a análise sensorial, argumentação racional e a tomada de decisões que consideram aspectos emocionais e sociais.

    O ato de julgar envolve não apenas a aplicação de normas, mas também a interpretação de valores éticos, culturais e sociais que são inerentemente humanos. A automatização de decisões judiciais corre o risco de reduzir essa complexidade a meros padrões de dados, o que pode gerar decisões insensíveis às particularidades de cada caso. Além disso, a dependência de algoritmos pode reforçar vieses pré-existentes nos dados processuais, perpetuando desigualdades e injustiças, sobretudo se as decisões automatizadas não passarem por revisão humana cuidadosa.


    Diante dessas preocupações, o CNJ trabalha na criação de diretrizes claras para a aplicação de IA no Judiciário, como a Resolução nº 332/2020, que estabelece normas de ética e transparência no uso da IA. Essas medidas visam assegurar que a IA seja utilizada de maneira complementar, mantendo o juiz humano no centro das decisões, mas com o suporte tecnológico para aprimorar a eficiência do sistema.

    Nesse episódio vamos debater sobre o uso da IA no Judiciário. Quais os limites para sua utilização? A automação completa das decisões é improvável? como a interpretação de valores éticos e a consideração de variáveis emocionais e culturais são aplicadas nas decisões automatizadas? É possível falar em uma governança responsável, que equilibre os benefícios da tecnologia com os princípios fundamentais da justiça? Essas e outras perguntas será discutidas no episódio de hoje. Vem com a gente!

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