• Hillazon-Tekhelet: Azul da cor do mar

  • Jun 7 2023
  • Duração: 20 minutos
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Hillazon-Tekhelet: Azul da cor do mar

  • Sumário


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    Entre essas culturas do Mediterrâneo e do Levante houve um momento em que era difícil a separação das cores púrpura e o tekhelet. Sendo que a primeira cor ficou com o uso restrito a quem pudesse pagar e durante os vários impérios da antiguidade, apenas a alta nobreza e posteriormente o uso fica exclusivo à realeza e ao palácio.

     

    Na cultura dos hebreus essa cor sofreria algum tipo de especificidade para diferenciar-se dos demais tons de lilás dos cananeus da famosa cidade de Tiro que aprenderam dos outros povos do Mediterrâneo a extração de um pigmento de um caracol, o conhecido Murex Trunculus que estava presente por toda a costa mediterrânea. Deste caramujo era extraída a cor púrpura que logo ficou restrita e relacionada à realeza e à nobreza.

     

    O processo de separação cultural, linguística, dietética e de elementos políticos dos povos cananeus e dos antigos hebreus envolveu um período de rejeição da cultura original do Levante, adaptação e apropriação com fatores diferenciados da cultura de origem. Nesse processo de apropriação houve a criação de histórias e mitologias que justificassem essa separação e distinção dos hebreus de seus vizinhos. Esse processo também envolveu historiografia e historiosofia que pudesse explicar tal distinção. Essa diferença não podia meramente acontecer por razões humanas, era preciso haver algo divino, fora do comum para que as gerações futuras não se aproximassem dos cananeus.

     

    No períodopós-exílio quando o texto do Pentateuco foi compilado e organizado, uma das ordenanças da classe sacerdotal, os prováveis redatores da Torá. Os textos da Torá, marcam especificamente várias dessas diferenças dos hebreus com os outros povos cananeus, e relatam o possível porquê, como ordem divina para estas distinções. Voltando ao tema de nobreza e elite que nesse tempo eram compostos necessariamente pela classe sacerdotal e uma elite que coordenava e financiava a redação dos texto era que os sacerdotes usassem um tecido com uma que representasse o azul messiânico.

     

    Criaram-se várias histórias sobre a origem desse azul messiânico, como a cor preferida do rei Davi, além de ser também a cor do trono do “Din” (julgamento) e simboliza o Shamayim (céus) pois, seria dessa mesma cor o trono de Javé. Os diversos tons de azul, mudam de acordo com cada escola de pensamento judaico. Em suma, esse azul messiânico e exclusivo dos hebreus, o tekhelet estava associado à realeza e à classe sacerdotal, que no pós-exílio também ocupou a função real/política nesse “novo Israel.” Até que chegassem os romanos, e instituíssem que esse azul, agora conhecido como púrpura seria exclusividade da nobreza romana. Os judeus, agora colonizados, não condiziam com o status de exclusividade para usar a tal cor. Por volta do século 5 E.C. Apenas o imperador podia usar a cor púrpura, no que ficou conhecido como a lei suntuária, o Sumptuariae leges.

     

    Textos extra bíblicos como a mishnah, o talmude e reflexões de Maimônides trataram de explicar alguns dos mandamentos da Torá que apresentam esse azul messiânico. Bem como a sua origem, o mítico  animal Hillazon. Como um segredo que perde pela história o Hillazon desapareceu e com ele a esperança do cumprimento do estabelecimento do reino sacerdotal com o azul messiânico e o trono de Javé.

     

    No final do século 19 um rabino polonês seguiu em sua busca pelo Hillazon e pelo azul messiânico. Esse rabino chegou a dizer que sem que houvesse as roupas sacerdotais com o azul messiânico, tekhelet, o Messias não podia chegar. E ele como Elias, em sua busca estava preparando o caminho para a construção do terceiro templo e o estabelecimento do reino sacerdotal comandado pelo Messias e seu trono azul, tekhelet.

     

    Mas o que era o Hillazon? Como todo o segredo antigo a ser decifrado, a busca pelo animal que supostamente traria o Messias, teve suas controvérsias e milhares de páginas escritas, em livros, dissertações e incansáveis debates entre vários segmentos judaicos.


     

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