Iron Cast #2 | 202km/hr em cima de uma bike com o homem mais rápido do mundo Evandro Portela O Iron Cast é um podcast dedicado ao mundo do esporte, especialmente do triathlon, ciclismo, corrida e natação. Aqui, você vai encontrar entrevistas com os principais nomes dessas modalidades, além de dicas e orientações para quem quer se aventurar nesses esportes. Não perca essa chance de mergulhar no universo do esporte e se tornar um atleta ainda melhor. Já segue o nosso podcast para não perder nenhum episódio? O ciclista paranaense Evandro Portela se prepara para mais um desafio que pode escrever seu nome mais uma vez no Guinness, O Livro dos Recordes em outubro deste ano. Depois de estabelecer o recorde mundial de velocidade de 202 km/h em 26 de novembro de 2017 em um trecho interditado da BR-277 próximo a Curitiba, desta vez Portela quer chegar a 300km/h no Salar de Uyuni, a 3.600 metros sobre o nível no mar, no altiplano boliviano. Diferentemente de outros ciclistas que rodam rebocados por um cabo atrás de um veículo, o brasileiro usa a força das próprias pernas para pedalar atrás de um carro de corridas. Pedalar em altíssimas velocidades exige muito mais do que força e coragem. “Eu venho estudando isto há 10 anos. Hoje temos 10 pessoas para um atleta. São cinco amantes do ciclismo de alto rendimento e outros cinco profissionais com formação que me auxiliam”, conta Portela, de 44 anos. UYUNI A tentativa de chegar a 300km/h (ou o mais próximo disto) estava inicialmente programada para o ano de 2020, mas com a pandemia o evento teve de ser adiado. “Já me reuni com autoridades bolivianas aqui no Brasil. Em maio devo reconhecer o percurso e pegar os alvarás. Eu preciso de uma autorização da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e também do governo de Potosí, onde fica Uyuni”, explica Portela. Já o alvará da FIA é necessário pois o ciclista será rebocado por um carro de corridas com um piloto devidamente homologado e equipado. E por falar em carro, não é qualquer carro que chega a 300km/h e não é atrás de qualquer carro que o ciclista vai poder rodar com relativa segurança no vácuo. Para o recorde de 2017, Portela teve a ajuda de engenheiros que construíram uma carenagem de policarbonato que foi instalada na traseira de um Subaru WRX com motor turbo de 350 cavalos. Para o novo recorde, Portela está se decidindo entre uma camionete Chrysler Dakota V8 de Stockcar de 1.000 cavalos e um Chrysler 300C, com motor V8 6.1 de 700 cavalos Supercharger, ambos homologados pela FIA. “Vamos testar daqui uns dias em uma rodovia aqui no Paraná. Vamos rodar a uns 180-170 km/h. A carenagem de policarbonato, desenvolvida em um túnel de vento em São Paulo, já está pronta”, explica. A BIKE Outro objetivo da ida à Bolívia é mostrar às autoridades daquele país a bicicleta que será usada no evento. Para a pista de sal no maior deserto de sal do mundo, Portela trabalhou no projeto, desenvolvimento e na construção de uma bike especialmente criada para a tentativa de recorde. A bike foi construída pela Overall, de Itajaí (SC), e a primeira versão ficou pronta há mais de um ano. Ela é feita em aço carbono, tem rodas aro 26 e pesa cerca de 24 quilos, e conta com um jogo de engrenagens que multiplica a força do ciclista. Fabricadas pela empresa Notable Metal Works, de São Paulo, o sistema tem uma relação 73×16 no lado direito e 52×21 do lado esquerdo, o que significa um andamento de 39 metros por pedalada! “Nós melhoramos 300% a bike. Já chegou a 161km/h comigo rodando atrás de um carro com o porta-malas aberto. Mudamos peças, colocamos rolamentos de cerâmica e mudamos outros detalhes para a melhor performance. A bike está sensacional”, conta Portela, que trabalhou pessoalmente nas adaptações e melhorias da bike. Também foram feitas novas adaptações no tubo superior e perto da caixa de centro excêntrica, que recebeu seis parafusos de inox. As ponteiras traseiras foram modificadas e receberam dois parafusos de inox para as rodas não mexerem. “Eu faço muita, muita força. No auge, eu aplico uns 1.200-1.300W de potência”, explica. Pedais com medidor de potência da Garmin serão utilizados para monitorar a potência exercida pelo atleta. Os pneus usados são da Maxxis, aro 26, e contam com três tipos de malha. “É um pneu bem reforçado, o mesmo usado em bicicletas elétricas, com malha muito forte”, revela. “A bike está montada com garfo rigído, mas em maio haverá um protótipo com suspensão e vamos decidir”, diz. A empreitada de Evandro Portela em busca de mais um recorde tem seu preço. “O projeto é incentivado. Trabalho 100% em cima disto. Sinto falta de corridas de bike, mas o projeto me toma todo o tempo. Eu tenho corrido de mountain bike para treinar. Este é um projeto de R$ 1 milhão. Até agora já foram R$ 400 mil e não vi nem a cor do dinheiro”, conta.