Episódios

  • Romance faz personagem de Machado de Assis viver no Brasil atual
    Apr 6 2022
    O livro indicado nesta semana pelo professor de literatura Rogério Duarte é o romance "Homem de papel", do escritor e diplomata potiguar João Almino. A narrativa, publicada no Brasil em março passado pela editora Record, resgata do século 19 para o 21 um conhecido personagem de um dos maiores escritores brasileiros, Machado de Assis. Trata-se do Conselheiro Aires, figura central de seus últimos dois romances, "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires". Ao atravessar conflitos entre liberdade e escravidão, fato e ficção, realidade e literatura, a obra, para Duarte, tem a capacidade de absorver a linguagem machadiana e suas consequências. "Ao fazer o narrador do século 19 circular com desenvoltura no 21, João Almino renova o pressuposto de que nosso futuro repete o passado, de que o Brasil é um museu deu grandes novidades, como diria Cazuza, outro grande poeta de nosso tempo".
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  • "Memorial de Aires": conheça o último romance de Machado de Assis
    Mar 28 2022
    Nesta semana, o professor de literatura Rogério Duarte indica aos ouvintes a leitura do último romance publicado pelo escritor Machado de Assis, no ano de sua morte, 1908, aos 69 anos de idade. Na forma de um diário, "Memorial de Aires" trata de uma série de episódios vividos pelo diplomata aposentado Conselheiro Aires no Rio de Janeiro, entre 1888 e 1889. Entre eles, está o encontro amoroso de Fidélia e Tristão, que é atravessado por uma reflexão fundamental sobre a abolição da escravidão no Brasil, em disputa naquele período histórico. Para Duarte, a obra pode ser lida, ainda hoje, como metáfora do nosso país: "Quem considera o Brasil como projeto de longo prazo? Quem olha para o Brasil para além de uma terra de riquezas a explorar? Quem quer ficar por aqui e lutar pela cidadania plena daqueles que foram trazidos pra cá à força? Essas são algumas das perguntas levantadas pelo 'Memorial de Aires' de Machado de Assis".
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  • Machado de Assis: professor Rogério analisa a obra Esaú e Jacó
    Mar 7 2022
    Na coluna desta semana, o professor Rogério Duarte analisa a obra machadiana Esaú e Jacó. Trata-se da história de dois irmãos gêmeos, que, embora idênticos, são o oposto um do outro, num jogo de espelhos que dá as linhas gerais do processo pelo qual passava o Brasil na segunda metade do século XIX.
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  • Carolina Maria de Jesus: de catadora de papel a fenômeno da literatura
    Feb 25 2022
    Na coluna desta semana, o professor Rogério Duarte apresenta a escritora Carolina Maria de Jesus, um dos fenômenos da literatura brasileira.
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  • 100 anos da Semana de Arte Moderna: Macunaíma
    Feb 15 2022
    O centenário da Semana de Arte Moderna (1922-2022) é celebrado em meio a polêmicas calorosas e releituras das obras que marcaram o movimento. Neste episódio, o professor Rogério Duarte analisa Macunaíma, obra-prima de Mário de Andrade.
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  • "Nomadland": reportagem inspirou último filme vencedor do Oscar
    Feb 9 2022
    A dica de leitura do professor Rogério Duarte, nesta semana, é o livro reportagem “Nomadland”, da jornalista estadunidense Jessica Bruder. A obra, que inspirou o último filme homônimo vencedor do Oscar em 2021, descreve a rotina migratória e extenuante de pessoas de meia idade sob o contexto da crise econômica de 2008. Em busca de emprego temporário, elas cruzam os EUA em trailers usados, renovando a tradição das famosas road trips: não mais pegar a estrada pelo prazer da descoberta, mas como única alternativa para sobrevivência. Comenta Duarte: “Sem estrutura, eles correm milhares de quilômetros, de estado em estado, à procura de ocupações temporárias, em turnos exaustivos de doze horas de trabalho; dormindo em estacionamentos de grandes cadeias de supermercado e lidando com as perdas e as frustrações de não serem os vencedores naquela cultura extremamente competitiva.” Para o professor de literatura e secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE), trata-se de um livro que revela um país fraturado pela injustiça social, no qual os temas da cultura do consumo, desaparecimento da previdência social e abandono das gerações mais velhas convivem com o sentimento de solidariedade e a capacidade de ainda sonhar com um mundo melhor.
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  • Reter o encanto: por que levar um catálogo de museu para casa?
    Jan 31 2022
    A dica de leitura do professor Rogério Duarte, nesta semana, foge ao esperado: trata-se do catálogo de uma exposição de arte do carioca Hélio Oiticica (1937 — 1980). O livro “Hélio Oiticica: a dança na minha experiência”, registra, em fotografias, as obras do artista que foram expostas entre outubro e novembro de 2020 no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Além de descrever os experimentos formais da proposta provocadora de Oiticica, Duarte indica aos ouvintes, para toda exposição, manter o hábito de levar o catálogo para dentro de casa, "na tentativa de reter o encanto" despertado pelas obras. “A experiência de ler um catálogo de exposição é sempre múltipla: é uma maneira de reviver aquele dia especial da visita ao museu. As imagens do catálogo evocam um mundo estético que vai muito além do cotidiano regular e monótono do trabalho. Os textos explicativos contribuem para que a nossa experiência também vá além do plano do sensível e seja, também, uma vivência refletida e formadora.”
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  • Romance retrata juventude desencantada com o mundo das aparências
    Jan 24 2022
    O livro desta semana é um clássico da literatura que inspirou mudanças culturais e comportamentais em várias regiões do mundo. Referência de transgressão, rebeldia e loucura, o romance “On the road”, do estadunidense Jack Kerouac (1922 — 1969), publicado em 1957, hoje é considerado uma das principais obras do movimento literário conhecido como “geração beat”. Com uma prosa espontânea, parecida com fluxo de consciência, a história retrata a amizade do narrador, Sal Paradise, com Dean Moriarty, que abusa de sexo e drogas ao ritmo ágil do gênero musical bebop jazz. De acordo com o professor de literatura Rogério Duarte, esses jovens desencantados com o estilo de vida do chamado “American way of life”, que promete felicidade pelo enriquecimento conquistado pelo trabalho, atravessam o país, expostos a uma travessia também interna, de elevação espiritual e prazer radical nada convencionais. “Aqueles jovens sabiam muito bem que os sorrisos artificiais da classe média escamoteavam as injustiças sociais, o racismo e a violência da sociedade norte-americana. Por isso, sem acreditar no sonho, vagam de cidade em cidade pelos bares, envolvidos em paixões passageiras ao som do bebop. Muita confusão, muita bebedeira, muitas brigas e pequenas contravenções. Para eles, o trabalho e enriquecimento pessoal não dão sentido à vida. O que eles querem é estar na estrada, sempre à procura ‘daquilo’”, destaca.
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