Episódios

  • #34 - Fernando Haddad: 'Temos que pavimentar o segundo turno já'
    Dec 17 2021
    Fernando Haddad é um dos políticos mais empenhados nas conversas para a formação de uma chapa em 2022 com Geraldo Alckmin como vice de Lula. Seu esforço tem um motivo concreto: para Haddad, a falta de alianças com partidos de centro foi elemento central para a sua própria derrota na última eleição presidencial, contra Jair Bolsonaro. "Não podemos repetir 2018. O Brasil não vai aguentar quatro anos com um inconsequente, um genocida no poder. Então nós temos que pavimentar um segundo turno já." Haddad acredita que é possível forjar um pacto entre os partidos de oposição para restituir ao Brasil os princípios democráticos e a soberania nacional. Mas isso não o impede de alfinetar aliados como o PSB, que tem feito exigências para receber Alckmin, e Ciro Gomes, que lembra em seus discursos a corrupção nos governos petistas. E alerta: "As pessoas de esquerda, de centro esquerda, superestimam um pouco a nossa força. Nós temos muito o que avançar. Para a gente ter a metade da Câmara, a gente precisava ter 257 parlamentares. Nós não temos metade disso."
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  • #33 - Juliano Spyer: ‘O voto em Bolsonaro custa caro ao evangélico’
    Dec 10 2021
    Depois de viver por um ano e meio em uma comunidade pobre e predominantemente evangélica no interior da Bahia, o antropólogo Juliano Spyer escreveu o livro que virou manual para os políticos interessados em conquistar os evangélicos nas próximas eleições - “O Povo de Deus”. Spyer sustenta que o estigma e o preconceito da esquerda empurraram essa fatia cada vez mais numerosa do eleitorado na direção de Jair Bolsonaro. “O voto em Bolsonaro custa caro ao evangélico, não é um apoio fácil. Ele fala de forma vulgar, truculenta, e defende armas”, diz Spyer. “A diferença é que ele faz essa defesa clara, pública, da tal família tradicional”. Neste episódio, Spyer diz acreditar que, desta vez, o alinhamento político com o presidente da República não será automático como em 2018. E é nesse contexto de disputa que ele vê a indicação do presbiteriano André Mendonça para ministro do Supremo como um “golaço”. “Para o evangélico pobre, que não se vê representado em espaços de poder, foi um grande acontecimento”.
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    41 minutos
  • #32 - Renata Abreu: Candidatos da 3a via terão que ter desprendimento e apoiar Moro
    Dec 3 2021
    Ela não gostava de política quando pequena, mas, ao ver o pai debilitado pelo Alzheimer, decidiu assumir o comando do partido criado pela família, o nanico PTN. Hoje convertido em Podemos, a legenda reúne a terceira maior bancada do Senado, está lançando Sérgio Moro como candidato a presidente em 2022 e deve receber uma cota de cerca de 200 milhões de reais do fundo eleitoral para gastar na campanha. Aos 39 anos, Renata Abreu entrou para o time dos grandes caciques políticos brasileiros. E está certa de que, na disputa pelo eleitor da terceira via, sua aposta no ex-juiz da Lava Jato vai prevalecer. "Se algum dos candidatos não contribuir para que tenha uma união e a 'melhor via' possa de fato ir para o segundo turno, vai ter uma pressão popular para que essa união aconteça." Renata ainda desafia: "Se tivesse algum outro candidato que pontuasse muito melhor do que o Moro, ou que ele por alguma razão despencasse nas pesquisas, ele não teria problema em contribuir. Agora sinceramente, eu não vejo possibilidade de isso acontecer, e aí os outros terão que ter esse desprendimento também".
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  • #31 - Ricardo Paes de Barros: Deixamos de ser modelo para virar um país sem rumo no combate à pobreza
    Nov 26 2021
    Difícil achar alguém no Brasil que saiba mais sobre políticas de combate à desigualdade do que Ricardo Paes de Barros, o PB. Um dos criadores do Bolsa Família, formado na liberal Universidade de Chicago, ele está convicto de que o problema do novo Auxílio Brasil não é falta de dinheiro e sim falta de informação. “Não tem como resolver o problema da pobreza eletronicamente ou pelo correio. Você tem que conversar com a família, entender o problema dela”, diz o economista. “O pobre brasileiro não está precisando apenas de transferência de renda, mas também de inclusão produtiva. As famílias querem ter capacidade autônoma de gerar a própria renda”, explica o economista. Na conversa com Malu Gaspar, PB revela que suas sugestões para o programa não foram aproveitadas pelo governo. E lamenta: "O Brasil deixou de ser um país que era um modelo no combate à pobreza para ser um país percebido mundialmente como sem rumo no combate à extrema pobreza"
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  • #30 - Tabata Amaral: ‘O Enem 2021 já é o mais elitista da história’
    Nov 19 2021
    A crise do Inep, que realiza o Exame Nacional do Ensino Médio, é a fumaça. O fato é que teremos o Enem mais elitista, mais branco e mais rico da história. "São vários erros, políticas e confusões que vão excluindo quem é mais vulnerável. Já vamos para o terceiro ano de um Enem que está sendo feito para excluir cada vez mais gente", diz Tábata Amaral (PSB-SP). Criada na periferia de São Paulo, Tábata critica tanto a postura do governo como a da oposição na discussão sobre o fechamento das escolas durante a pandemia. Neste episódio, ela defende a formação de uma frente ampla contra Bolsonaro em 2022, comenta ataques machistas que sofre à esquerda e à direita e deixa claro: não vai perdoar a atitude do ator José de Abreu, que reproduziu ameaças a ela em redes sociais. "Você ameaçar alguém de agressão física, você endossar crime, são crimes. E até onde me consta crimes são respondidos na Justiça, e não em artigos na Folha de S. Paulo com pedidos de desculpa."
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  • #29 - Juma Xipaya: Não adianta dar dinheiro à causa indígena e se eximir da responsabilidade climática
    Nov 12 2021
    Uma das principais lideranças indígenas na COP 26, Juma Xipaya ficou conhecida entre ambientalistas quando se engajou no movimento contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte e denunciou casos de corrupção entre os próprios indígenas e a empresa responsável pela usina. Desde então, ela se tornou a primeira cacica do médio Xingu, foi ameaçada de morte, sofreu um envenenamento e se refugiou no exterior. Mas voltou e hoje está à toda. Em Glasgow, ela deixou seu recado não só para Jair Bolsonaro, mas também para os governos estrangeiros. “Não adianta colocar dinheiro nas organizações indígenas e se eximir da responsabilidade climática”, diz ela. Nesse episódio, Juma fala do apelo do bolsonarismo entre os indígenas, do sofrimento provocado pela Covid nas aldeias e de como enfrentou o machismo para se tornar líder do seu povo.
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  • #28 - Fernanda Montenegro: 'Bolsonaro é um vômito, uma punhalada no ventre'
    Nov 4 2021
    A Academia Brasileira de Letras acaba de confirmar o que a gente já sabia: Fernanda Montenegro é imortal. Aos 92 anos, ela acaba de ganhar mais uma honraria na carreira, ao ser escolhida por unanimidade para integrar a Academia Brasileira de Letras. Em mais de 70 anos de carreira, Fernanda já moldou o teatro, o cinema, a TV, e continua cheia de planos. No momento, porém, ela está concentrada em atravessar o governo Bolsonaro. "Esse governo é um vômito, uma punhalada no estômago", diz ela. "A grande tristeza é que ele entrou pelo voto. E por que votaram no Bolsonaro? Porque os governos que o antecederam cumpriram só metade do prometido". Mas ela não se abala: "É só esperar que passa".
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  • #27 - Wagner Moura: não acho certo condenar quem foi para a luta armada
    Oct 29 2021
    Como ator, Wagner Moura apresentou ao Brasil o Capitão Nascimento, policial do Bope que matava e torturava bandidos. Na estreia como diretor, traz “Marighella”, ex-deputado do partido comunista que entrou na luta armada e morreu nas mãos da ditadura. Com o primeiro filme, foi acusado de glamourizar violência policial. Agora, está sendo acusado de idolatrar terroristas. O filme irritou tanto os bolsonaristas que o lancamento, previsto para 2019, só está acontecendo agora – para Wagner, em razão de um ato de censura do governo Bolsonaro. Ele não esconde que em seu filme, Marighella, vivido por Seu Jorge, é herói. Mas diz que a discussão sobre o assunto é mais complexa do que parece. “Não acho certo julgar em 2021 brasileiros e brasileiras que, em momento de total cerceamento de suas liberdades e incendiados por uma ideia que permeava o mundo inteiro, optaram pela luta armada. Fiz o filme justamente pela profunda admiração que tenho por essas pessoas”. Na conversa com Malu Gaspar, o artista discute o futuro do país pós-2022, as contradições da esquerda e conta como é ser um ator latino em Hollywood.
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