• EP#33: Arquitetura enganosa das plataformas digitais

  • Mar 27 2024
  • Duração: 51 minutos
  • Podcast

EP#33: Arquitetura enganosa das plataformas digitais

  • Sumário

  • Apresentação: Ana Frazão / Caitlin Mulholland

    Produção: José Jance Marques


    Neste episódio, mergulhamos no universo fascinante e ao mesmo tempo desafiador da arquitetura de plataformas digitais. Aqui, exploramos como os layouts e interfaces são meticulosamente projetados para influenciar nossas decisões online. Você já parou para pensar que cada clique, cada escolha que fazemos na web pode não ser tão autônoma quanto parece? Essa é a essência da teoria da arquitetura de escolhas, um conceito que ganhou notoriedade com o livro "Nudge", de Richard Thaler e Cass Sunstein. Este livro abre nossos olhos para os "empurrões" sutis, mas poderosos, que recebemos constantemente em nosso ambiente digital.

    Mas, o que acontece quando esses "nudges" se voltam para o lado obscuro? Quando, em vez de nos auxiliar, eles são utilizados para manipular nossas escolhas, levando-nos a tomar decisões que, sob circunstâncias diferentes, talvez evitássemos? Esse é o mundo dos chamados "dark patterns" ou padrões obscuros, práticas de design que se aproveitam de nossas vulnerabilidades psicológicas para nos induzir a clicar, comprar ou consentir com algo que não queremos ou precisamos.

    Nesse sentido, especialistas defendem ser imprescindível que o direito brasileiro e a sua aplicação prática sejam afinados para reconhecer e combater as dark patterns, aproveitando o arcabouço jurídico existente em prol da defesa dos consumidores. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo, enfatiza a necessidade do consentimento livre, informado e inequívoco para o tratamento de dados pessoais, o que se contrapõe frontalmente às práticas de obtenção de consentimento através de dark patterns. Da mesma forma, o Código de Defesa do Consumidor oferece proteção contra práticas abusivas e enganosas, categorias nas quais as dark patterns se enquadram perfeitamente, ao induzir o consumidor a tomar decisões desvantajosas ou a fornecer dados sem a devida transparência e clareza.

    Além disso, há um debate relevante sobre a conscientização dos consumidores acerca dessas práticas manipulativas. Deve-se promover a educação digital como parte integrante da formação do cidadão, capacitando-os para identificar e se proteger contra as armadilhas digitais. Paralelamente, a atuação dos órgãos reguladores e de defesa do consumidor precisa ser intensificada, com a adoção de políticas públicas e estratégias de fiscalização que estejam à altura dos desafios impostos pelo dinâmico ambiente digital. Especialistas defendem, inclusive, que somente através de uma abordagem multidisciplinar, que englobe medidas regulatórias, educativas e de fomento à transparência e ética nas práticas comerciais, poderemos assegurar um ambiente digital que respeite os direitos dos consumidores e promova uma relação de consumo justa e equilibrada.

    Discutiremos a importância da ética na construção dessas arquiteturas digitais e como podemos, enquanto sociedade, legislar e regular para proteger a autonomia e a liberdade de escolha dos usuários. Acompanhe-nos nesta jornada que promete não apenas informar, mas também equipá-lo com o conhecimento necessário para navegar com mais segurança e consciência no vasto ciberespaço.

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