• EP#35: Violência de gênero mediada pela tecnologia

  • May 29 2024
  • Duração: 1 hora e 2 minutos
  • Podcast

EP#35: Violência de gênero mediada pela tecnologia

  • Sumário

  • Apresentação: Ana Frazão / Caitlin Mulholland

    Produção: José Jance Marques

    A violência de gênero facilitada pela tecnologia tem se revelado uma das facetas mais perturbadoras do abuso digital. As plataformas digitais, ao priorizarem conteúdos que maximizam o engajamento do usuário, inadvertidamente promovem e amplificam estereótipos de gênero e narrativas prejudiciais.


    Este fenômeno é exacerbado pelo modelo de negócio das empresas de tecnologia, que usam algoritmos para entregar publicidade e conteúdo que são mais propensos a serem visualizados e compartilhados, independentemente do seu impacto negativo. Assim, o ambiente digital torna-se um vetor poderoso para a disseminação de discursos de ódio e misoginia, criando um terreno fértil para campanhas coordenadas que miram desacreditar e intimidar mulheres em espaços públicos e políticos.


    Pesquisa realizada pelo NetLab UFRJ identificou e analisou anúncios tóxicos que impactaram mulheres nas plataformas digitais, foram identificados 1.565 anúncios tóxicos ao longo de 28 dias de coleta. Estes anúncios, que estavam ativos em diferentes períodos entre 1 de janeiro e 9 de fevereiro de 2024, apresentaram indícios de comportamento misógino, golpes, fraudes ou irregularidades na oferta de produtos ou serviços voltados ao público feminino.


    Além disso, a pesquisa mapeou perfis, páginas e sites envolvidos na divulgação de produtos, serviços e/ou tratamentos suspeitos, enganosos ou fraudulentos, com potencial de causar danos à saúde das mulheres. Também foram identificados e mapeados perfis, páginas e sites que promovem uma cultura de incentivo à desigualdade de gênero, pregam a inferioridade das mulheres e promovem o ódio a mulheres e meninas, destacando a profundidade e a complexidade do problema enfrentado pelas mulheres nas plataformas digitais.


    Concomitantemente, a falta de regulamentação eficaz e a opacidade nas operações das plataformas digitais facilitam a perpetuação dessa violência. Muitos ataques são meticulosamente organizados em comunidades online, que se engajam em misoginia em rede. Tais comunidades apoiam-se mutuamente para disseminar discursos de ódio e conduzir campanhas de assédio contra mulheres, utilizando a tecnologia como ferramenta para ampliar o alcance e o impacto de suas ações.


    Essas práticas não apenas colocam em risco a segurança e o bem-estar das mulheres, mas também desafiam as bases da igualdade de gênero, exigindo uma resposta mais robusta das políticas públicas e das próprias plataformas para mitigar e eventualmente eliminar tais ameaças.


    Os modelos de negócio de plataformas como a Meta, que privilegiam conteúdos que engajam os usuários, acabam por reforçar preconceitos e disseminar desinformação. Essa estratégia, embora eficaz para engajamento e monetização, contribui para a perpetuação de visões distorcidas e muitas vezes prejudiciais sobre gênero, criando um ambiente hostil especialmente para mulheres.


    Tudo isso indica que, apesar das alegações de plataformas como a Meta de investir em moderação de conteúdo e políticas anti-ódio, a autorregulação tem falhado em proteger adequadamente as mulheres no mundo digital. Os dados da pesquisa sublinham a necessidade urgente de revisão e fortalecimento das abordagens regulatórias e das próprias políticas internas dessas plataformas para abordar e mitigar esses impactos negativos de forma eficaz. Vamos debater sobre esse assunto no episódio de hoje. Vem com a gente!


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