Episódios

  • #7 - HISTÓRIAS DE CABECEIRAS
    Mar 1 2024
    HC EP 7 - O MACACO PERDEU A BANANAEste episódio foi gravado em um hospital. Ouça para entender.No Histórias de Cabeceiras, subcategoria do Sertão Sem Nó, o podcast traz contos populares de décadas, séculos e até milênios, passadas de geração em geração de pais para filhos, de avós para netos, todavia apresentando a história por trás da estória.👉 Os episódios tradicionais do Sertão Sem Nó continuam normalmente (capa cor amarela), estes especiais (capa cor verde) são apenas um conteúdo extra.Sertão Sem Nó: HISTÓRIAS DE CABECEIRAS - EP07 - O Macaco Perdeu a Banana_| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha). || 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉✔️ Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com__Transcrição do episódio (Acessibilidade):..Olá, pessoal. Começa agora o Sertão Sem Nó, o nosso podcast de memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos. Neste quadro do episódio de hoje, porém, trazemos contos populares que atravessam gerações e são mantidos salvaguardados via a oralidade. Este quadro tem o nome Histórias de Cabeceiras justamente porque muitas das vezes elas foram repassadas de pais para filhos na beira da cama, antes de colocar os seus pequenos para dormir.Bem, hoje era para sair um episódio tradicional, pelo meu cronograma, mas o meu pai precisou passar por uma cirurgia e, por isso, não deu para trabalhar nestes últimos dias nos episódios que estão com algumas apurações incompletas, aí como tinha Histórias de Cabeceiras mais encaminhado, joguei ele para frente. Mas, é isto mesmo, demonstrando o nosso carinho e entrega com o Sertão Sem Nó, estou gravando este episódio do hospital, da área do acompanhante e, por isso, estarei falando um pouco mais baixo do que o normal na locução de hoje.Lembramos que os episódios comuns seguem saindo normalmente. A cada entre 3 e 7 episódios comuns, lançamos um História de Cabeceiras, como o episódio de hoje, que é um conto inglês adaptado por indigenas brasileiros.Tudo que foi e será dito aqui foi transcrito para um texto que está na descrição deste episódio, uma acessibilidade para que mais pessoas usufruir do nosso material e, assim, gerar inclusão e possibilidade de ampliação de nosso querido público do Sertão Sem Nó.Contamos, se possível também, com a sua avaliação em cinco estrelas e com o compartilhamento do nosso episódio ou programa com os seus amigos.Demais avisos, fontes e apoiadores, ao final do episódio de hoje,Que começa agora e é intitulado de O MACACO PERDEU A BANANA____O macaco estava comendo uma banana num galho de pau quando a fruta lhe escorregou da mão e caiu num oco da árvore. O macaco desceu e pediu que o pau lhe desse a banana:– Pau, me dá minha banana!O pé de pau nem como cousa. O macaco foi ter com o ferreiro e pediu que viesse com o machado cortar o pau.– Ferreiro, traga o machado para cortar o pau que ficou com a banana!O ferreiro nem se importou. O macaco procurou o soldado a quem pediu que prendesse o ferreiro. O soldado não quis. O macaco foi ao rei para mandar o soldado prender o ferreiro para este ir com o machado cortar o pau que tinha a banana. O rei não prestou atenção. O macaco apelou para a rainha. A rainha não o ouviu. O macaco foi ao rato para roer a roupa da rainha. O rato recusou. O macaco recorreu ao gato para comer o rato. O gato nem ligou. O macaco foi ao cachorro para morder o gato. O cachorro recusou. O macaco procurou a onça para comer o cachorro. A onça não esteve pelos autos. O macaco foi ao caçador para matar a onça. O caçador se negou. O macaco foi até a Morte.A morte ficou com pena do macaco e ameaçou o caçador, este procurou a onça, que perseguiu o cachorro, que seguiu o gato, que correu o rato, que quis roer a roupa da rainha, que mandou o rei, que ordenou ao soldado que quis prender o ferreiro, que cortou com o machado o pau, de onde o macaco tirou a banana e comeu.____Silva Campos, na sua coleção, X, “O Macaco e o Confeito”, dá uma variante. Chamam a esses Contos Acumulativos, Cumulative Tales, dos folcloristas da língua inglesa.O Sertão Sem Nó é muito importante para a gente e para todas as pessoas que nos acompanham e que nos mandam as suas memórias, por isso, todas as sextas, trazemos um episódio novo, com a gente daqui trabalhando e você daí, se puder, compartilhando, mandando para as suas amizades, colocando nas suas redes. É isto. Obrigado pelo carinho.Ganhando episódios exclusivos e fortalecendo o nosso trabalho de pesquisa e divulgação da cultura popular, apoiam este projeto a partir de sete reais por mês via apoia.se/sertaosemno, Danielle Moreira, Ana Marcato, ...
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  • #40 - Eu te amo, marimbondo
    Feb 24 2024
    Acompanhando gerações a partir dos anos 1980, a presente história vem de diversas memórias sertanejas. Na narrativa, um homem e um marimbondo vivenciam juntos uma relação curiosamente afetuosa.| Sertão Sem Nó: EP40 - EU TE AMO, MARIMBONDO.|| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha).| 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉 Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, parcerias, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com_______________________Acessibilidade (Texto do episódio de hoje, exceto o trecho protegido por direitos autorais, conforme explicado na seguinte transcrição):Olá, pessoal.Eu sou Jefferson Sousa e este é o Sertão Sem Nó, podcast sobre memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos.Curta, compartilhe e avalie com cinco estrelas para nos ajudar a chegar em mais gente e, assim, continuarmos com este trabalho que é totalmente independente. Para nos apoiar, acessar texto de acessibilidade ou outras informações, é só olhar a descrição deste episódio.Ah, claro, e, se puder e quiser, não esqueça de apertar o botão seguir aqui no seu tocador de podcasts.Não tivemos episódio na sexta passada por imprevistos pessoais da nossa parte. O episódio de hoje está sendo gravado no dia 21 de fevereiro, o dia do meu aniversário, mostrando que, com exceção de imprevistos maiores, seguimos produzindo os episódios religiosamente para as sextas. Inclusive, um ótimo presente de aniversário seria contar com o seu compartilhamento (risos).Demais avisos, nomes de apoiadores e outros agradecimentos vêm após a nossa história de hoje...… que é uma das minhas favoritas até hoje, que começa agora e é intitulada deEu te amo, marimbondo.___Relutei muito entre colocar a história de hoje no Sertão Sem Nó tradicional ou no "Histórias de Cabeceiras", já que o primeiro é para conter memórias reais e o segundo originários de contos populares. A dúvida surgiu porque as pessoas que citam a história não lembram da origem, apenas que sempre ouviram, mas também não encontrei em obras de compilações ou pesquisas do folclore brasileiro e muito menos pelo mundo.Então trouxemos para o tradicional justamente pela história fazer parte do imaginário das recordações de quem nos enviou, além, claro, por sua ambientação e características dos sertões nordestinos.Por recebermos mais de uma versão, alegando cada uma um local diferente para o ocorrido, construímos o território de caatinga da nossa narrativa de forma geral.É isto, vamos simbora:No árido sertão nordestino, onde o sol queimava como brasas e a poeira dançava ao vento, vivia um homem solitário chamado José. Ele era um vaqueiro de coração solitário, cujo único conforto era o silêncio da vastidão da caatinga e o trote dos cavalos sob as estrelas.Uma tarde quente, enquanto José estava descansando à sombra de um juazeiro, um enxame de maribondos invadiu seu espaço. Com agilidade, ele se esquivou, mas um dos maribondos, um espécime particularmente grande e majestoso, chamou sua atenção. Seus olhos se encontraram e, de repente, algo inexplicável aconteceu.José sentiu uma estranha conexão com o maribondo. Seus olhares se fixaram, e o que começou como um momento de puro medo se transformou em algo mais profundo. O maribondo não o atacou; ao contrário, parecia observá-lo com curiosidade.Nos dias que se seguiram, José sentiu-se compelido a visitar o mesmo local sob o juazeiro, na esperança de encontrar seu peculiar amigo alado. E sempre, sem falhar, lá estava o maribondo, pairando no ar como se esperasse por ele.Uma noite, enquanto observava as estrelas, José percebeu que sua solidão estava desaparecendo na presença tranquila do maribondo. Ele começou a compartilhar seus pensamentos e sonhos com o pequeno ser alado, encontrando conforto em sua silenciosa companhia.No entanto, a vida no sertão nunca é fácil, e um dia uma grande tempestade se abateu sobre a região. José ficou preso em seu abrigo improvisado, incapaz de enfrentar os elementos. Enquanto a chuva rugia lá fora, ele temia pelo pior.De repente, o maribondo apareceu diante dele, batendo suas asas com determinação. Com um gesto audaz, o pequeno inseto voou em direção à tempestade, desaparecendo nas trevas. José assistiu, perplexo, enquanto seu estranho amigo se lançava no perigo iminente.Horas se passaram antes que a tempestade finalmente se acalmasse. Com o céu clareando lentamente, José saiu para inspecionar os estragos. Para sua surpresa, encontrou o maribondo caído, mas vivo, em uma poça d'água próxima.Com cuidado, José levou o maribondo para seu abrigo e o protegeu do frio. Enquanto o sol se erguia sobre o sertão, o pequeno inseto recuperou suas ...
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  • #39 - Entre os dentes [Gatilho: Violência histórica]
    Feb 9 2024
    A presente história foi retirada na íntegra de uma carta de um oficial militar publicada na sexta edição de 1950 da Revista da Escola Preparatória de Fortaleza, sobre a memória de um sertanejo cearense que lutou na Guerra do Paraguai.| Sertão Sem Nó: EP39 - ENTRE OS DENTES.|| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha).| 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉 Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, parcerias, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com_______________________Acessibilidade (Texto do episódio de hoje, exceto o trecho protegido por direitos autorais, conforme explicado na seguinte transcrição):.Olá, pessoal.Eu sou Jefferson Sousa e este é o Sertão Sem Nó, podcast sobre memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos.~SOM DE SINO (Aviso) ~Uma das nossas ouvintes apontou, utilizando a barra de mensagens do episódio ÀS 4h40, que seria importante sempre realizarmos avisos de gatilho no início de cada programa que haja violência. No caso do episódio 38, narramos um feminicídio sem qualquer aviso e em um tom neutro de leitura. Pedimos desculpas por isso referente ao episódio 38 e aos demais que não colocamos avisos de gatilho. Agradecemos e acatamos a cada opinião participativa dos nossos ouvintes, que é para quem fazemos as pesquisas que chegam até aqui. A partir do episódio de hoje, vamos dar avisos de gatilho, adiantando também, caso haja, o tipo de tema sensível a seguir.O episódio de hoje conta com uma situação violenta ocorrida na Guerra do Paraguai com um homem cearense e descrita por um oficial militar alguns anos depois.˜˜˜˜Contamos com a sua curtida, compartilhamento do nosso trabalho e avaliação com cinco estrelas para nos ajudar a chegar em mais gente e, assim, continuarmos com este trabalho que é totalmente independente. Para nos apoiar, acessar texto de acessibilidade ou outras informações, é só olhar a descrição deste episódio.Ah, claro, e, se puder e quiser, não esqueça de apertar o botão seguir aqui no seu tocador de podcasts.Demais avisos, nomes de apoiadores e outros agradecimentos vêm após a nossa história de hoje...… que vem de um registro oficial de 1950, que começa agora e é intitulada de ENTRE OS DENTES___O seguinte relato está praticamente na íntegra do registro oficial, do Padre J. J. Dourado, que também era Capelão Militar. Publicado em 1950, ele relata uma experiência vivida na Guerra do Paraguai, que ocorreu entre 12 de outubro de 1864 e 1 de março de 1870. A salvaguarda dos detalhes que vocês ouvem a seguir vem da oralidade e da memória coletiva dos que conviveram com o personagem, tanto durante a sua preparação quanto na sua viagem ao Paraguai. As pouquíssimas alterações que fizemos desta carta descrição de J. J. Dourado são apenas em caráter fonético aqui na locução, visto a transformação da língua portuguesa no decorrer dos anos, mas tudo está preservado, sem mais ou menos palavras. Sexta edição de 1950 da Revista da Escola Preparatória de Fortaleza, Ceará.(Carta de J.J. Dourado - Direitos Autorais de reprodução textual exclusivos)._O Sertão Sem Nó é muito importante para a gente e para todas as pessoas que nos acompanham e que nos mandam as suas memórias, por isso, todas as sextas, trazemos um episódio novo, com a gente daqui trabalhando e você daí, se puder, compartilhando, mandando para as suas amizades, colocando nas suas redes. É isto. Obrigado pelo carinho e não se esqueça de nos seguir e avaliar com cinco estrelas.Ganhando episódios exclusivos e fortalecendo o nosso trabalho de pesquisa e divulgação da cultura popular, apoiam este projeto a partir de sete reais por mês via apoia.se/sertaosemno, Danielle Moreira, Ana Marcato, Cristina Mari Ishida, Drica Dias, Andreia Gomes, Vitor Ribeiro, Regina Ribeiro, Jayme Ribeiro e Nathália Mitchell.Para enviar a sua memória, para acessar a acessibilidade da transcrição do áudio, para apoio momentâneo ou fixo a partir de sete reais por mês com direito a episódios exclusivos, para entrar nosso grupo gratuito do Telegram, para acessar as nossas redes sociais, ou qualquer outro endereço eletrônico externo, é só conferir as informações que estão no texto da descrição deste episódio.No Instagram e twitter, eu estou como @JeffGarapinha, já o nosso programa está no Instagram como @SertaoSemNoObrigado por ouvir até aqui e até a próxima sexta. Abração!
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  • #6 - HISTÓRIAS DE CABECEIRAS
    Feb 2 2024
    HC EP 6 - O CÁGADO E A FRUTA!No Histórias de Cabeceiras, subcategoria do Sertão Sem Nó, o podcast traz contos populares de décadas, séculos e até milênios, passadas de geração em geração de pais para filhos, de avós para netos, todavia apresentando a história por trás da estória.👉 Os episódios tradicionais do Sertão Sem Nó continuam normalmente (capa cor amarela), estes especiais (capa cor verde) são apenas um conteúdo extra.Sertão Sem Nó: HISTÓRIAS DE CABECEIRAS - EP06 - O Cágado e a Fruta!_| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha). || 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉✔️ Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com__Transcrição do episódio (Acessibilidade):.Olá, pessoal. Começa agora o Sertão Sem Nó, o nosso podcast de memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos. Neste quadro do episódio de hoje, porém, trazemos contos populares que atravessam gerações e são mantidos salvaguardados via a oralidade. Este quadro tem o nome Histórias de Cabeceiras justamente porque muitas das vezes elas foram repassadas de pais para filhos na beira da cama, antes de colocar os seus pequenos para dormir.Lembramos que os episódios comuns seguem saindo normalmente. A cada entre 3 e 7 episódios comuns, lançamos um História de Cabeceiras, como o episódio de hoje, que é um conto indígena brasileiro.Tudo que foi e será dito aqui foi transcrito para um texto que está na descrição deste episódio, uma acessibilidade para que as pessoas que não podem ouvir possam usufruir do nosso material e, assim, gerar inclusão e possibilidade de ampliação de nosso querido público do Sertão Sem Nó.Contamos, se possível, também, com a sua avaliação em cinco estrelas e com o compartilhamento do nosso episódio ou programa com os seus amigos.Demais avisos, fontes e apoiadores, ao final do episódio de hoje,Que começa agora e é intitulado de O CÁGADO E A FRUTA___DIZ QUE FOI UM DIA, havia no mato uma fruta que todos os bichos tinham vontade de comer; mas era proibido comer a tal fruta sem primeiro saber o nome dela. Todos os animais iam à casa de uma mulher que morava nas paragens onde estava o pé de fruta, perguntavam a ela o nome, e voltavam para comer; mas quando chegavam lá não se lembravam mais do nome. Assim aconteceu com todos os bichos que iam e voltavam, e nada de acertar com o nome. Faltava somente amigo cágado; os outros foram chamar ele para ir por sua vez. Alguns caçoavam muito, dizendo: “Quando os outros não acertaram, quanto mais ele!” Amigo cágado partiu munido de uma violinha; quando chegou na casa da mulher perguntou o nome da fruta. Ela disse: “Boyoyô-boyoyô-quizama-quizu, boyoyô- boyoyô-quizama-quizu.” Mas a mulher, depois que cada bicho ia-se retirando já em alguma distância, punha-se de lá a bradar: “Ó amigo tal, o nome não é esse, não!” E dizia outros nomes; o bicho se atrapalhava, e quando chegava ao pé de fruta não sabia mais o nome. Com o cágado não foi assim, porque ele deu de mão à sua violinha, e pôs-se a cantar o nome até ao lugar da árvore, e venceu a todos. Mas amiga onça, que já lá estava à sua espera, disse-lhe: “Amigo cágado, você como não pode trepar, deixe que eu trepe para tirar as frutas, e você em paga me dá algumas.” O cágado consentiu; ela encheu o seu saco e largou-se sem lhe dar nenhuma. O cágado, muito zangado, largou-se atrás. Chegando os dois a um rio, ele disse à onça: “Amiga onça, aqui você me dê o saco para eu passar, que sou melhor nadador, e você passa depois.” A onça concordou, mas o sabido, quando se viu da outra banda, sumiu-se, ficando a onça lograda. Esta formou o plano de o matar; ele soube e meteu-se debaixo de uma raiz grande de árvore onde ela costumava descansar. Aí chegada, pôs-se ela a gritar: “Amigo cágado, amigo cágado!” O sabido respondia ali de pertinho: “Oi.” A onça olhava de uma banda e doutra e não via ninguém. Ficou muito espantada, e pensou que era o seu traseiro que respondia. Pôs-se de novo a gritar, e sempre o cágado respondendo: “Oi!”, e ela: “Cala a boca, oveiro!”, e sempre a coisa para diante. Amigo macaco veio passando, e a onça lhe contou o caso da desobediência de seu traseiro e lhe pediu que o açoitasse. O macaco tanto executou a obra que a matou. Deu-se então o cágado por satisfeito.____Em 1876, José Vieira Couto de Magalhães, em sua obra "O Selvagem", foi o primeiro a publicar o presente conto em um livro. Chegou até tal história por décadas de pesquisas etnográficas com populações indígenas pelo nordeste brasileiro. O Cágado e a Fruta, por exemplo, tem a sua origem em ...
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    7 minutos
  • #38 - ÀS 4H40 [Gatilho: Feminicídio]
    Jan 26 2024

    A presente narração foi retirada na íntegra de um documento oficial sobre a investigação policial de um assassinato no sertão da Paraíba, apurado pelo periódico pernambucano Jornal Pequeno e publicado no ano de 1910.


    | Sertão Sem Nó: EP38 - ÀS 4H40.

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    Acessibilidade (Texto do episódio de hoje, exceto o trecho protegido por direitos autorais, conforme explicado no áudio e na seguinte transcrição):

    .

    Olá, pessoal.


    Eu sou Jefferson Sousa e este é o Sertão Sem Nó, podcast sobre memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos.


    Contamos com a sua curtida, compartilhamento do nosso trabalho e avaliação com cinco estrelas para nos ajudar a chegar em mais gente e, assim, continuarmos com este trabalho que é totalmente independente. Para nos apoiar, acessar texto de acessibilidade ou outras informações, é só olhar a descrição deste episódio.


    Demais avisos, nomes de apoiadores e outros agradecimentos vêm após a nossa história de hoje.


    Que começa agora e é intitulada de "ÀS 4H40".


    ___


    O episódio a seguir vem de uma investigação no início do século passado, publicada em 1910, na atual região de Pombal, no Sertão da Paraíba. Isso mesmo que você ouviu: 1910. Publicada pelo "Pequeno Jornal, Jornal Pequeno" de Pernambuco, na sua edição de número 136 de 1910.


    Como o episódio de hoje é basicamente eu lendo o material na íntegra, pode ser que hajam palavras não mais habituais aos dias de hoje. Inclusive, para os nossos ouvintes que não escutam e que acompanham o nosso episódio pelo texto transcrito que colocamos na descrição de cada episódio, este episódio será uma exceção sem tê-lo completo, pois a história a seguir tem direitos reservados de reprodução textual para a HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA, da Biblioteca Nacional. Mas, assim como o episódio anterior, todos os seguintes episódios vão trazer todo o conteúdo transcrito para que você que não consegue ouvir possa seguir nos acompanhando via a leitura acessível.


    Avisos e fontes dados, vamos começar...


    (Trecho protegido por direitos de reprodução textual)

    __

    Um alô para Gil Duarte, que compartilhou o nosso último episódio em seu Instagram e nos marcou via Instagram.com/sertaosemno, assim como também um alô para Cida Fernandez e Renato Correia Leitão que sempre deixam mensagens lindas aqui na barrinha de mensagens e feedbacks que o Spotify disponibiliza nas descrições dos episódios. Se você que está ouvindo quer nos mandar alguma mensagem rápida, aqui é o lugar.


    O Sertão Sem Nó é muito importante para a gente e para todas as pessoas que nos ouvem e que nos mandam as suas memórias, por isso, todas as sextas, vamos trazer episódio novo, com a gente daqui trabalhando e você daí, se puder, compartilhando, mandando para as suas amizades, colocando nas suas redes. É isto. Obrigado pelo carinho.


    Apoiando este projeto a partir de sete reais por mês via apoia.se/sertaosemno, agradeço nominalmente Danielle Moreira, Ana Marcato, Cristina Mari Ishida, Drica Dias, Andreia Gomes, Vitor Ribeiro, Regina Ribeiro, Jayme Ribeiro e Nathália Mitchell.


    Para enviar a sua história, ou para apoio momentâneo ou fixo a partir de sete reais por mês com direito a episódios exclusivos, ou para entrar nosso grupo gratuito do Telegram, ou acessar as nossas redes sociais, ou qualquer outro endereço eletrônico externo, é só conferir as informações que estão no texto da descrição deste episódio.


    No Instagram e Twitter, eu estou como @JeffGarapinha, já o nosso programa está no Instagram como @SertaoSemNo


    Obrigado por ouvir até aqui e até a próxima sexta. Abração!

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    10 minutos
  • #37 - A Gaiola de Madeira
    Jan 19 2024
    Diretamente dos anos 1980 do Sertão do Cariri do Ceará, a memória de hoje nos leva para dentro dos contos de Raimundo, um devoto de Nossa Senhora da Imaculada Conceição que buscava solucionar o crescente número de criadores de aves em gaiolas da sua região.| Sertão Sem Nó: EP37 - A Gaiola de Madeira.|| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha).| 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉 Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, parcerias, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com_______________________Acessibilidade (Texto do episódio de hoje):.Olá, pessoal.Eu sou Jefferson Sousa e este é o Sertão Sem Nó, podcast sobre memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos.Contamos com a sua curtida, compartilhamento do nosso trabalho e avaliação com cinco estrelas para nos ajudar a chegar em mais gente e, assim, continuarmos com este trabalho que é totalmente independente. Para nos apoiar ou acessar outras informações, é só olhar o texto da descrição deste episódio. Ah, e na descrição também há todo o episódio de hoje transcrito texto por texto, uma acessibilidade para que o nosso público com deficiência auditiva possa acompanhar todos os detalhes do nosso episódio.Demais avisos, nomes de apoiadores e outros agradecimentos vêm após a nossa história de hoje.Que começa agora e é intitulada de A Gaiola de Madeira___A memória de hoje foi enviada pela ouvinte Thiele Maria, que diz ter ouvido de seu avô, Adalberto, que era natural da cidade de Caririaçu, no sertão cearense. A história por ele contada e aqui repassada por sua neta aconteceu em Grajeiro, o menor município cearense, que fica próximo a Caririaçu.A cidade de Granjeiro está inserida no sertão do Cariri, região inicialmente habitada pelas nações indígenas dos Cariris, que colonizaram o sul do Ceará e estados vizinhos.Dentro do município, destaca-se turisticamente a capela de Santa Vitória, situada no Boqueirão do Riacho do Meio, local que abriga exclusivamente a Comunidade dos Penitentes ou religiosos de São Vicente.A padroeira de Granjeiro é Nossa Senhora da Imaculada Conceição e é por esta santa que começamos a nossa história, que vem de meados de 1981...Abre aspas "Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais." fecha aspasAssim começa uma das mais populares orações católicas à Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Era apenas este início que Raimundo sabia decorado e toda vez repetia antes de aniquilar qualquer ser vivo a favor de seu benefício, como abates de galinhas, suínos e gado. Era o seu trabalho e por mais que tivesse o entendimento da dignidade do trabalho, se sentia mal pelo sangue dos animais.Naquele tempo, não se discutia proteção aos animais na frequência dos dias de hoje, nem mesmo nas capitais, nas universidades. Raimundo, iletrado e trabalhador de ganho, é que não começaria a fazê-lo em contramão de toda uma sociedade.Porém, de todas os seus desgostos diários, o que mais lhe cortava o peito era ver os tantos pássaros enjaulados na frente de praticamente toda casa que passava. Cantavam de dentro das casas, os pássaros presos, e os de fora, nas árvores, os livres, como se estivessem pedindo ajuda pelos iguais encarcerados.Pelo menos era assim que Raimundo entendia.Sem dinheiro para comprá-los e depois soltá-los, nem coragem para ir libertá-los a força, Raimundo usou de seus saberes de trabalhador braçal e iniciou uma construção de algumas gaiolas de madeira do tamanho de uma pessoa adulta.A sua ideia, em princípio, era colocá-las nas casas dos mais influentes capturadores e vendedores de pássaros das cidades próximas, a fim de assustá-los, de criar uma história mal assombrada em torno deles, para ver se o povo teria consciência e paravam com tudo aquilo.Após semanas de economias comprando madeiras e outras semanas construindo as obras, Raimundo tinha terminado três delas, o que, para os seus planos até ali, já eram suficientes.A primeira apareceu na casa de José do Algodão, que em vez de se assustar, chamou todos os amigos dizendo que aquilo era um sinal do bom Deus, uma gratidão divina sobre como ele cuidava bem dos pássaros enjaulados.Vale reforçar que daquela época até os dias de hoje, as estúpidas pessoas que criam pássaros em gaiolas de forma ilegal acreditam fielmente que estão, na verdade, fazendo um favor, que por causa deles os pássaros vivem melhores e mais seguros. Sim, é um pensamento extremamente burro, não tem outra palavra. Burro e egocêntrico, porém, é o que guia a mente de alguém que retira a liberdade de viver de um pássaro.Mas, bem, não é que os ...
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  • #36 - O Boi Derradeiro [Gatilho: Violência]
    Jan 12 2024
    O episódio de hoje traz uma memória conhecida por alguns interiores de estados nordestinos: um boi e seu dono passaram a ter uma conexão que muitos duvidaram até um inesperado acontecimento criminoso acontecer.| Sertão Sem Nó: EP36 - O Boi Derradeiro.|| 👉 Pesquisa, roteiro e locução: Jefferson Sousa (@JeffGarapinha). || 👉 Memória: de Paulino, repassada por Lucas Romano.| 👉 Nosso canal gratuito do Telegram, com histórias exclusivas: https://t.me/SertaoSemNo. || 👉 Apoie o projeto fixamente: https://apoia.se/sertaosemno || 👉 Instagram: @JeffGarapinha e @SertaoSemNo || 👉 Contato, parcerias, feedbacks, e-mail para envio de histórias e CHAVE-PIX para apoio não fixo (qualquer valor é muito bem-vindo): avozdecima@gmail.com_______________________Acessibilidade (Texto do episódio de hoje):.Olá, pessoal e feliz 2024 para você e sua família.Eu sou Jefferson Sousa e este é o Sertão Sem Nó, podcast sobre memórias individuais e coletivas dos sertões nordestinos.Em 2024, os nossos episódios vão ficar saindo nas sextas. Contamos com a sua curtida, compartilhamento do nosso trabalho e avaliação com cinco estrelas para nos ajudar a chegar em mais gente, principalmente agora que o nosso engajamento baixou um montão devido ao nosso período de recesso.Demais avisos, apoiadores e outros agradecimentos vêm após a nossa história de hoje.Que começa agora e é intitulada de O Boi Derradeiro___Há registros da presente memória em diversas regiões interioranas de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, mas esta foi enviada de Matinhas, na região metropolitana de Campina Grande, no estado da Paraíba, porém, ao que tudo indica, o homem que acompanhou tudo de perto e passou a contá-la veio da região da cidade de Lastro, no sertão do mesmo estado.Havia um pequeno pedaço de terra nas redondezas de uma cidadezinha no interior da Paraíba, pertencente a Seu Zé, que criava alguns poucos gados para o abate. Seu Zé era conhecido por sua integridade e amor ao próximo. Entre os tantos bois e vacas que, de pouco em pouco, passaram por sua criação, um único não encontrou a morte, o Boi que ele poupava por amor, por algo que seu coração não sabia explicar, o Boi Derradeiro. Isso mesmo, o nome do boi era Derradeiro, como um sinônimo de o último.Todas as manhãs, Seu Zé acordava cedo para cuidar de seu pequeno rebanho. Certa manhã, ao se dirigir ao pasto, notou algo estranho: o Derradeiro estava agitado e parecia querer comunicar algo. Se aproximando, Seu Zé ouviu um murmúrio baixo e surpreendente vindo do Derradeiro, como se o animal estivesse tentando falar!"'Môôônica', foi o que eu ouvi", dizia seu Zé aos colegas em uma feira de frutas próximo dali no dia seguinte. As gargalhadas das pessoas foram tão altas que os pássaros saíram voando das árvores e os cachorros de rua começaram a latir para eles com medo. Seu Zé foi vencido pela vergonha, convencendo-se de que, realmente, as pessoas estavam certas e ele estava ficando era louco. Animais não falavam, era absurdo!Quando se aproximava de casa, viu a pequena filha do vizinho jogando pedras e cutucando o Boi Derradeiro com um pau. "Ei, pare com isso", gritava, ainda de fora da cerca. A menina, rindo, saiu correndo de volta para o sítio do seu pai. Apesar de amar Boi Derradeiro, Seu Zé riu da situação, que se repetia constantemente.Atravessou a madrugada daquele dia olhando nos olhos de Derradeiro, no frio que só quem já ficou em um pasto de noite sabe como é difícil de aguentar. Esperava alguma resposta, algum mungido, seja o comum ou uma palavra, qualquer coisa já o deixaria feliz, mas nada aconteceu, apenas Derradeiro e ele ali, em silêncio, se encarando. Adormeceu de cansaço e acordou com um grito de desespero do vizinho que passava por perto de sua certa: "Mônica, você viu Mônica?".Seu Zé, ainda meio tonto por acordar no susto, demorou para lembrar que Mônica era o nome da pequena filha do seu vizinho. Ela tinha sumido e o desespero do seu pai, Senhor Caetano, era contagiante, de embrulhar o estômago de todos que ouviam. Inclusive, naquela hora, Derradeiro cuspiu um pouco da grama que estava mastigando por horas na boca."O QUE FOI? POR QUE VOCÊ ESTÁ EM SILÊNCIO? VOCÊ SABE DE ALGO?" perguntava Caetano a Zé em tom agressivo. Zé, entre assustado e nervoso, começou a explicar que tinha ouvido o Boi Derradeiro chamar pelo nome de Mônica, mas antes de terminar a explicação, recebeu um soco no olho que fez o seu corpo ficar mais tonto do que quando acordou no susto."Respeite a minha dor, seu maluco, eu perdi a minha filha e você fica com essas brincadeiras", gritava Caetano, enquanto se afastava do Zé caído no chão.Zé passou alguns minutos deitado, olhando para o céu e pensando naquilo tudo, quando ouviu o Boi Derradeiro mungir a palavra: "Mooonte".Seu Zé se levantou rapidamente e virou-se para o seu amigo animal. Enquanto trocavam mais um longo olhar em total silêncio, Zé ...
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    10 minutos
  • #5 - HISTÓRIAS DE CABECEIRAS
    Nov 21 2023

    HC EP 5 - O PEQUENO POLEGAR!

    No Histórias de Cabeceiras, subcategoria do Sertão Sem Nó, o podcast traz contos populares de décadas, séculos e até milênios, passadas de geração em geração de pais para filhos, de avós para netos, todavia apresentando a história por trás da estória.


    👉 Os episódios tradicionais do Sertão Sem Nó continuam normalmente (capa cor amarela), estes especiais (capa cor verde) são apenas um conteúdo extra.


    Sertão Sem Nó: HISTÓRIAS DE CABECEIRAS - EP05 - O pequeno Polegar

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    9 minutos