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A festa do Bode é um dos romances mais importantes de Mario Vargas Llosa, laureado com o Nobel de Literatura em 2010 . Com uma pesquisa histórica rigorosa e uma preocupação flaubertiana pelos detalhes, ele recria uma República Dominicana de meados do século XX para recontar a história do general Rafael Leonidas Trujillo Molina—o "Bode"—e a implacável ditadura que implantou no país durante seus 31 anos de governo.

Nessa viagem por um dos litorais mais visitados do Brasil, o leitor vai conhecendo grafias pitorescas de nomes de lugares famosos, como "Sacorema" e "ilha de Viragalham". E nesta bela seleção de textos do livro "Tratado descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Sousa, também se conhece uma faceta da fundação da Cidade Maravilhosa.

"Príncipe ou condutor de ônibus?" O protagonista de "A segunda vida", José Maria, está prestes a voltar à Terra depois de ter morrido; recusando a esta escolha do tipo de vida que lhe é oferecida, prefere – e ganha – o direito de nascer consciente da vida passada. Ao leitor do século XXI, o conto de Machado de Assis oferece uma curiosa analogia com a "second life".

A valentia do gaúcho, estampada com o colorido peculiar da linguagem de Simões Lopes Neto, conduz os enredos desses dois contos aqui reunidos. Em tom de "causo", "Juca Guerra" traz a história do protagonista, centrada na bravura que demostrou num rodeio dos pampas. "Contrabandista", por sua vez, faz um recorte da vida de Jango Jorge, no dia do casamento da filha; além disso, o conto é um registo histórico do contrabando na fronteira sul do país.

Dois contos do gaúcho Simões Lopes Neto que têm, no centro de suas narrativas, animais. "Correr eguada" é uma verdadeira tela em que se estampa todo o movimento dessa espécie de "tourada", com o narrador apontando ao leitor "amigo" o significado de alguns termos. Já "O boi velho" é um "causo" sensível, em que se narra o sacrífico de Cabiúna, praticamente um boi de estimação.

Em texto de características mais românticas, Raul Pompeia traz neste conto a melancolia da viscondessa Amélia, que foi obrigada pelo pai comendador a um casamento arranjado. Sua vontade era entregar-se ao pintor Armando, por quem se apaixonara quando ele pintava seu retrato.

Deolindo Venta-Grande e Genoveva vivem uma paixão à primeira vista: três meses em que vivem de amores. Mas Deolindo, marinheiro, parte em uma longa viagem de instrução – 10 meses no mar. O casal jura esperar um pelo outro. Ele o cumpre e, na volta, a procurar; ela, no entanto, unira-se nesse meio-tempo a um mascate.

Extraído do livro "Histórias sem data", o conto "Anedota pecuniária", de Machado de Assis, apresenta ao leitor a história de Falcão, que de certa forma vende as sobrinhas aos homens que desejam com elas casar-se, sobrepujando seus sentimentos de tio zeloso que cuida das órfãs. Exemplo excepcional de crítica machadiana à ganância do ser humano.

Nesses tempos em que a discussão de gênero se faz presente em todas as esferas, a leitura ou releitura do conto "As academias de Sião" se faz muito oportuna. Extraído do livro "Histórias sem data", de Machado de Assis, publicado em 1884, nele o leitor encontra uma abordagem singular do tema da constituição das identidades sexuais. Destaca-se a condição do feminino.

O conto "A senhora do Galvão", de Machado de Assis, tem por mote um tema recorrente da literatura de costumes do século XIX: cartas anônimas. Aqui, elas denunciam o adultério do advogado Eduardo Galvão, marido de Maria Olímpia. E a amante seria justamente uma de suas melhore amigas.FEAT DESC

Esses dois contos de Alberto Braga, extraídos do livro "Contos da Aldeia", exploram os sentimentos das pessoas simples do interior de Portugal. Em "As arrecadas da caseira", encontramos a história da tia Custodia da Moita, vítima da exploração do proprietário insensível das terras em que trabalha. E em "Está no céu", o tema do soldado morto em batalha deixa ver a dor de Maria La Courdaye, cuja marido não volta da Guerra da Crimeia.

A arte imita a vida ou vice-versa? Eis a questão que perpassa "Meu conto de Maupassant". Nele, dois amigos conversam num trem que percorre o Vale do Paraíba, e um deles conta uma história de suspense, aos moldes do escrito francês. Já em "Bucólica", um narrador voyeur caminha por uma estrada no interior e vai contando o que vê, num tom crescente de desalento com a natureza humana.

O conto "O estigma", de Monteiro Lobato, é um suspense em dois tempos: narra o reencontro de dois amigos, Bruno e Fausto, em dois intervalos: 10 anos e 20 anos. No primeiro, Bruno, que é o narrador, conta como Fausto fizera um casamento por interesse e enriquecera. No segundo, o leitor verifica que o dinheiro não trouxe felicidade. Pelo contrário.

A figura do "caboclo" faz a ponte entre esses textos de Monteiro Lobato. Na crônica "Velha praga", um tema atualíssimo é abordado: as queimadas; em 1914, elas devastaram a Serra da Mantiqueira, sendo o caboclo o responsável. Já no conto "Café! Café!", compara-se a estupidez do caboclo à do Major Mimbuia, plantador de café que tudo perde e enlouquece com a queda do preço do café.

Nesta seleção de textos do livro "Tratado descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Sousa, o leitor visita paisagens conhecidíssimas dos litorais de Rio de Janeiro e São Paulo, como Ilha Grande, Angra dos Reis e São Sebastião. Além disso, fica sabendo que São Vicente foi a primeira vila do Brasil. E encontra uma das primeiras referências a um lugar distante da costa: São Paulo.

Os leitores que já fizeram um cruzeiro de Santos a Buenos Aires hão de refazer a rota nesta seleção de textos do livro "Tratado descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Sousa – mas com olhos de um viajante do século XVI! Curioso notar como o cronista antevê o sucesso da pecuária no Sul do país, além de reiteradamente comparar seu relevo e clima aos da Espanha.

Tempestades compõem um elo entre esses dois contos de Pedro Rabelo. Em "Cão", uma cuidadosa reunião de personagens escora o recorte final da vida de tia Mariana, mãe de Rufino, que se revolta contra Deus diante da morte dela. Já em "Caso de adultério", as trovoadas que assistem ao nascimento de Senhorinha são por ela sentidas diante da proposta de adultério.

Leonor é apaixonada pelo primo Maurício. Desde que voltou com a mãe Cecília do Brasil para Portugal, vê crescer esse amor, mas, para com ele casar, ele tem que adquirir conhecimentos, se formar. Maurício desaparece quando fica sabendo dessa condição. Passam-se quatro anos e Maurício volta – de Paris – , quase formado em engenharia. O destino, então, despenca sobre o casal.

Parte significativa e nem sempre lembrada da História do Brasil, o pano de fundo desse conto de Simões Lopes Neto é a Guerra de Farrapos. Com virtuoso tom gaúcho, o enredo traz a história da filha do índio Juca Picumã, a bela Rosa, cujos cabelos viraram cabresto – tudo narrado por Blau, narrador-personagem ativo que coloca o leitor no calor dos acontecimentos.

Dois contos de Simões Lopes Neto em torno da Guerra dos Farrapos, com a vivacidade gauchesca característica do autor. Em "O duelo de Farrapos", o narrador é o ordenança de Bento Gonçalves e relata um duelo entre este e o Coronel Onofre. Em "O Anjo da Vitória", o narrador lembra da infância com o padrinho, militar que lutou ao lado do general José de Abreu, o "Anjo da Vitória".