Podemos definir a meditação tanto como um estado de consciência quanto como uma técnica em si. Meditar é algo que se aprende com a prática do Yôga. A princípio o exercício é muito simples: consiste em manter toda nossa atenção num mesmo objeto por um tempo determinado. Por exemplo, colocando o foco na respiração. O produto da imobilidade física, da estabilidade emocional, da abstração sensorial e da parada dos pensamentos é uma consciência que flui por um canal ainda mais sutil do que o plano mental, chamado de intuicional. No entanto, será muito comum, especialmente no início, perceber como a consciência oscila entre alguns momentos de foco e outros de distração. O fluxo de pensamentos corre livremente, o que muitas vezes desencoraja quem está começando, pois se percebe que a mente escapa do comando da atenção plena. Mas na realidade este funcionamento nada mais é do que a mente em seu estado habitual e o exercício de concentração apenas evidencia esta inconstância. À medida que a capacidade de concentração aumenta, os pensamentos divagantes perdem força e o fluxo de conexões aleatórias flui cada vez mais devagar, até repousar na imobilidade. O foco sustentado irá proporcionar o primeiro grande sinal de progresso, em que a atenção permanecerá fixa no objeto escolhido, sem dispersar. O estado de foco profundo, concentração total ou meditação, é chamado no Yôga de dhyána. Neste estágio, qualquer pensamento que provoque distração cessará por completo e a mente será preenchida por uma poderosa sensação de arrebatamento, de felicidade e de um inquebrantável foco no objeto de meditação. Fisiologicamente, o exercício de dhyána quando realizado constantemente, pode aumentar as conexões neuronais e, em consequência, melhorar o funcionamento do cérebro. De acordo com cientistas, a técnica de meditação diminui a produção de cortisol, hormônio associado ao estresse, e aumenta a secreção de endorfina, serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis por gerar a sensação de prazer, felicidade e recompensa. Outros estudos comprovam que a prática continuada de meditação gera um declínio a curto prazo nas citocinas responsáveis pela inflamação e uma melhora da conectividade entre os circuitos regulatórios do cérebro. Também se constatou o aumento da enzima que retarda o envelhecimento celular. Ou seja, entre aqueles que praticam há mais tempo, o treinamento de meditação poderá levar a mudanças estruturais benéficas no encéfalo e a uma diminuição de volume cerebral na área associada ao "querer" e ao "apego". Portanto, ao inserir a técnica de meditação no dia-a-dia naturalmente se fortalecem os processos cognitivos e ampliam-se tanto a criatividade quanto a consciência corporal. Poderíamos concluir, então, que o treinamento diário de dhyána aprimora o funcionamento da estrutura bioquímica, desenvolve o autoconhecimento e produz uma melhor capacidade para entender os mecanismos do nosso corpo e do mundo ao nosso redor.
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